Fazer paredes de taipa de pilão foi uma experiência nova, didática, e aqui quero resumir alguns aprendizados, percepções, ideias. Vou fazer em tópicos para tentar agilizar.
Montagem da forma

Se no início a montagem da forma pareceu complexa, no final estávamos montando a forma em menos de três horas, incluindo limpar, lixar e passar novamente o desmoldante. Mudei um pouco a forma da estrutura a partir da terceira parede, o que tornou o processo de montagem muito mais ágil. Como estávamos usando parafuso autobrocante, depois de 10 paredes a estrutura já não aguentava mais montagem/desmontagem e fizemos novos furos. Para uma estrutura mais definitiva ou rígida, deveria usar parafuso/porca ou rosca embutida.



A viga H feita com apenas 3 camadas de tábua de pinus aguentou bem por 13 paredes. Uma viga mais bem construída (parafusos em vez de pregos) provavelmente teria suportado melhor. Uma viga construída já com as tábuas secas também. A viga como construímos aguentou as dezesseis paredes, mas chegou no final já com reparos.

Na décima quarta uma das tábuas rachou. Optamos por parafusar um remendo e seguir com o projeto. Também tivemos um problema quando a viga H começou a abrir (provavelmente porque foram construídas quando a madeira estava verde ainda). Resolvemos com um parafuso de atravessado para segurar as barras roscadas. Em somente uma das paredes a barra roscada chegou a entrar, e com isso uma das paredes ficou 2cm torta em um lado superior.
Preparação das placas da forma
Descobri que há quem trabalhe sem limpar as formas, partindo direto para a próxima. Acredito que lixar as formas fez com que as superfícies ficassem mais bonitas e polidas, mas vale testar fazer a parede sem lixar as formas para ver como fica, se compensa ou não.

Com o tempo, a placa de compensado naval já estava mais amolecido (provavelmente por causa da umidade). Com isso estava rasgando muito fácil, qualquer batida levemente torta já tirava uma lasca. 16 paredes foi realmente o máximo que deu para levar o projeto. Para um resultado mais bem acabado, seria mais interessante trabalhar com dois conjuntos de placas.
Encontramos uma boa solução para tapar os buracos maiores: cola instantânea + serragem. Passa a cola, acrescenta serragem. Depois de 5 minutos lixa. A cola não estará totalmente seca, o que vai ajudar a homogeneizar.
O truque da areia
A primeira parede que fizemos sozinhos quebrou os cantos inferiores. Provavelmente porque o encaixe das peças de madeira com o sóculo não estava perfeito, criando vãos de 2 a 8mm. A solução encontrada foi colocar areia úmida para preencher esses vãos antes de colocar a primeira massada e compactar bem os cantos. Com isso conseguimos um resultado ótimo no acabamento dos cantos, sem a necessidade reformar os sóculos ou refazer as peças de madeira.

Conjunto compressor – socador pneumático
O socador pneumático foi, de certa forma, um pouco decepcionante, pois esperava mais de um equipamento industrial.
No primeiro e segundo dia a alavanca que abre o ar deslocou três vezes o anel de vedação, nos obrigando a parar (então passei super cola nesse anel e foi bem até o final — embora com um sutil escape de ar).
Em cima da placa de compactação, ao final do processo, está um pouco sujo de óleo. Não sei se do compressor ou do próprio equipamento. Não sei se isso é normal ou não.


Uma peça de metal que corre solta sobre as saídas de ar quebrou na metade durante a compactação da parede 15. Acredito que essa peça servia para prevenir a entrada de areia no sistema. Amarramos com arame um pano sobre a área para funcionar como filtro e impedir a entrada de areia e seguimos até o final.
O compressor estava no limite da capacidade para atender o equipamento. Um compressor maior seria mais adequado, pois o que usamos ficou ligado praticamente o tempo todo que o equipamento estava ativo. No entanto, logo nos entendemos com o ritmo, pressão e vazão do conjunto e conseguimos bastante agilidade na compactação.
Ritmo e tempo de trabalho
A primeira parede levou quase cinco dias, se contarmos a construção das formas, mas foi feita à mão, durante um curso. Já em ritmo de obra fizemos as 3 primeiras em três dias cada uma. A partir daí decidimos não mais deixar emendas, e separar os processos.
- Um dia para peneirar a terra e deixar a forma pronta.
- Um dia para fazer parede de taipa.
Ao final estávamos montando a forma em 3 horas e fazendo cada parede em 5 horas, com mais uma hora para desforma, cloro e cobertura. Isso dá uma media de 15 minutos por fiada.
No entanto, o maior arrasto foi, sem dúvida, o tempo de peneirar a terra. Antônio e Daniela passavam praticamente um dia todo peneirando a terra que seria usada no dia seguinte. Esse processo teria ganhado muita agilidade com a compra de uma peneira rotatória industrial. Com um equipamento desses e uma pessoa a mais, teríamos conseguido fazer uma parede dessas por dia.



Que experiência fantástica! Olhando a parede pronta, não temos noção de quantos detalhes são necessários para se ter um ótimo resultado como o que vocês conseguiram. Parabéns Rodrigo!! E deixe também meus parabéns à Daniela e ao Antônio. Gratidão por compartilhar seus conhecimentos e experiências.