Deu ruim

Quinta-feira, feriado, estava num churrasquinho em um amigo quando chega um vendaval. Logo uma mensagem da vizinha pipoca no whatsapp: “você está sem energia aí também?” Aos poucos o cenário vai se montando. O vento, que não tinha sido tão forte onde eu estava, ao redor do Espaço Kabouter derrubou árvores, arrancou a cumeeira de quatro casas e levou algumas telhas com elas.

E derrubou a forma da viga-calha que estava quase pronta para a concretagem. Duas semanas de trabalho para o chão.

Azar? Sim, foi. Mudança climática apontando no horizonte? Provavelmente também. Eu me pergunto se o cenário teria sido o mesmo se o bosque já estivesse crescido, com as árvores para segurar parte da força do vento. Ou se eu teria bastante trabalho cortando árvores caídas. Não sei.

Curioso mesmo foi me perceber familiar com aquele sentimento ao ver a forma do chão: frustração. Reconheci o sentimento das paragens da literatura: é a mesma frustração ao ver um conto rejeitado para uma revista ou coletânea, principalmente quando você havia escrito especificamente para aquele concurso.

Por isso eu sabia exatamente que deveria seguir o mesmo conselho que damos aos jovens (e velhos) autores: permita-se ficar triste por um dia ou dois, depois sacode a poeira e tenta de novo.

A gente costuma pensar que as nossas experiências são únicas, e eu me peguei abismado, “caramba, é o mesmo sentimento.” Talvez a gente não seja esse floquinho de neve único que pensamos ser.

Felizmente, quebrou pouca coisa. O vendaval também não machucou ninguém por aqui, o que é mais importante. E já começamos a remontar essa forma.

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